
Oi 2020!
Quero começar o ano falando de uma das minhas paixões: arte. Eu sempre amei esse universo, e sempre adorei ler sobre, visitar galerias, museus, mostras ou qualquer coisa relacionada ao assunto.
No final do ano passado, pensando nas minhas metas para este ano, decidi que iria incluir esse tema mais vezes no meu dia-a-dia, e resolvi – no ano passado mesmo – já começar a por em prática essa meta. Tirei algumas horinhas da semana mais corrida de todas, e visitei três exposições que estavam no meu radar há um tempo.
São Paulo tem um cardápio imenso e incrível pra quem gosta do assunto, e está com uma agenda particularmente bacana nesse começo de ano.
Vou mostrar um pouquinho das expos que visitei ano passado e deixar aqui mais três que quero ir em breve.
Comecei com uma visita à Pinacoteca, que fazia tempos que não ia e está com 04 mostras que eu queria muito visitar (tem outras além dessas 04 rolando, mas as que eu vou comentar eram os meus alvos): Flamboyant, de Jorge Pardo; Nem mesmo os mortos sobreviverão, Adrià Julià; Fernanda Gomes; e Arte no Brasil: Vanguarda Brasileira dos anos 1960 – coleção de Roger Wright.
✭ Jorge Pardo: Flamboyant | Curadoria de Jochen Volz
Visitação: de 7 de dezembro de 2019 a 2 de março de 2020
De quarta a segunda, das 10h às 18h – com permanência até as 18h
Pinacoteca de São Paulo: Edifício Pina Luz
A maior beleza desta mostra de Pardo está no diálogo composto com a arquitetura e espaço onde está instalada a obra dentro da Pinacoteca, o Octógono. Considerado um dos mais importantes artistas da atualidade, Pardo vem utilizando-se das linguagens do desenho e da escultura a fim de explorar os limites entre a arte, o design e os espaços de convivência.
“Estou interessado em perguntar: onde a arte supostamente deve parar? É quase impossível controlar onde o movimento começa e onde termina”, afirmou o artista em abril de 2019, em entrevista a uma revista norte-americana. Para a obra em exposição na Pinacoteca Pardo propõe um “espaço de estar” composto de um tapete redondo listrado de tons terrosos, treze luminárias e de sete cadeiras de balanço, todos desenhados e fabricados por ele. O conjunto busca trazer uma experiência familiar, relacionada ao descanso sob o pé de uma árvore, convidando o visitante a desfrutar das frondosas peças que, assim como o flamboyant, exalam uma beleza transitória.
✭ Fernanda Gomes | Curadoria de José Augusto Ribeiro
Visitação: 30 de novembro de 2019 a 24 de fevereiro de 2020
De quarta a segunda, das 10h às 18h – com permanência até as 18h
Pinacoteca de São Paulo: Edifício Pina Luz
A exposição Fernanda Gomes é uma grande retrospectiva da artista carioca, reunindo cinquenta obras, desde os anos 1980 até hoje. A artista que hoje está entre os principais nomes contemporâneos do Brasil com maior inserção e prestígio internacionais tem sua prática caracterizada pelo uso de materiais ordinários — como gesso, madeira e vidro — submetidos a operações manuais como amarrar, juntar ou apenas posicionar e espalhar no espaço. Esses itens são recolhidos de sua vida doméstica e durante suas andanças pelas ruas e galerias e instituições onde expõe sua produção.
O resultado final da mostra surgiu após três semanas de trabalho de montagem, durante o qual a Fernanda se colocou em atividade contínua pelas sete salas expositivas, instalando, assim, uma espécie de ateliê temporário, não aberto ao público, procedimento adotado de forma usual por ela. O conjunto apresentado inclui desde trabalhos mais conhecidos – como as esferas de cravos e linha, uma extensão de papéis de cigarro fumados e justapostos, as pinturas feitas com tinta e papel, e algumas de suas esculturas cinéticas – a obras inéditas que serão concebidas in loco.
A total ausência de significação – nem a exposição nem as obras têm nome – com peças pintadas de branco acaba por preservar o aspecto indefinido e instável do conjunto. “As peças tampouco estão identificadas pelas usuais legendas do museu, o que, em última instância, favorece as possibilidades de conexão entre uma e as outras, entre todas e o entorno, sem datá-las nem descrever materiais comuns ou técnicas peculiares, que requerem mais perícia ou labor do que método”, complementa.
A produção institui, assim, as próprias condições de sua exibição: com um sentido forte de unidade, a fim de propor uma experiência integral sem chance de repetir-se, nem em outro tempo ou espaço.
✭ Arte no Brasil: Vanguarda Brasileira dos anos 1960 | Coleção de Roger Wright.
Visitação: 27 de agosto de 2016 a 26 de agosto de 2020
De quarta a segunda, das 10h às 18h – com permanência até as 18h
Pinacoteca de São Paulo: Edifício Pina Luz
A mostra de longa duração celebra o comodato de 178 obras estabelecido em março de 2015 entre a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, a Pinacoteca e a Associação Cultural Goivos, responsável pela Coleção Roger Wright. Além disso, também dá continuidade à narrativa iniciada com a exposição “Arte no Brasil”, em cartaz no segundo andar da Pinacoteca e que apresenta os desdobramentos da história da arte no Brasil do período colonial aos primeiros anos do modernismo em 1920.
“Com esse conjunto, o museu oferece aos visitantes a possibilidade de ver e compreender processos recentes que contribuíram para formação da visualidade brasileira. Sem contar, que a Pinacoteca se consolida como um museu nacional da história da arte no Brasil, constituído por núcleos articulados em uma narrativa extensa e representativa”, explica José Augusto Ribeiro, curador da exposição.
✭ Adrià Julià: Nem mesmo os mortos sobreviverão | Curadoria de Fernanda Pitta
Visitação: 26 de outubro de 2019 a 16 de fevereiro de 2020
De quarta a segunda, das 10h às 18h – com permanência até as 18h
Pinacoteca de São Paulo: Edifício Pina Luz
A mostra apresenta trabalhos que ocupam o pátio e duas salas adjacentes à exposição de longa duração do acervo da Pinacoteca, no segundo andar. As obras colocam em questão o resultado das técnicas de reprodução, impressão e autenticação que pautaram a organização do fluxo das imagens nos primórdios da fotografia.
Mas a principal obra se encontra no pátio da Pinacoteca, a obra Fortuitous Encounter consiste em uma impressora suspensa no teto que imprime, repetidamente e em uma sequência aleatória, a imagem de um beija-flor extraída da extinta nota de 1 real. A folha impressa desce num bonito voo simbólico até se encontrar com o chão e ali permanecer. Esse tipo de imagem figurativa, comumente usada em notas monetárias, contrasta com os padrões abstratos desenvolvidos sem sucesso em 1830 para o seu “papel inimitável” para resolver uma crise econômica agravada pela falsificação do papel-moeda, um problema que atormentava todas as economias, incluindo a do Brasil, que adotaram esse modelo monetário durante o século 19.
O evento de “distribuição” da arte no pátio, que embora com número de tiragem limitado e assinado por um artista, deixa as impressões dos pássaros de forma interativa para todos os visitantes que queiram pegar, levar ou interferir na obra, o questionamento sobre a maneira pela qual os dispositivos técnicos moldaram a organização e o fluxo de imagens, bem como seu valor no mundo contemporâneo. “Não por acaso, esses fluxos parecem coincidir com os primeiros desenvolvimentos de uma economia em que o lastro de valor vem se tornando cada vez mais imaterial”, finaliza a curadora.
A Pinacoteca está com outras mostras e exposições em cartaz que valem a visita também. E é válido dizer que aos sábados a entrada é gratuita.
A segunda exposição que visitei na semana antes do Natal foi “A Liberdade da Cor” de Carlos Cruz-Diez. Depois que fiz o curso da Cris (pra quem não conhece, vale a visita no instagram dela – aqui), Treinando o Olhar para a Cor, estava doida para explorar pessoalmente o trabalho do artista.
✭ Cruz-Diez: A Liberdade da Cor | Curadoria: Rodrigo Villela
Visitação: De 09 de novembro de 2019 até 02 de fevereiro de 2020; terça a sábado, 10h-19h; domingo, 10h-17h
Espaço Cultural Porto Seguro: Alameda Barão de Piracicaba, 610, São Paulo. Entrada gratuita.
A exposição é composta por 8 obras, a maioria instalações, nas quais a interação e participação dos visitantes é ponto alto, num percurso imersivo na pesquisa do artista e no universo da cor. A mostra traz também 20 fotos em preto e branco, feitas por Cruz-Diez ao longo de sua vida, a maioria da Venezuela, seu país natal.
E por último, finalizei minha semana de imersão nas exposições com a mostra de Takashi Murakami, que está rolando no Instituto Tomie Ohtake.
✭ Murakami por Murakami | Curadoria: Gunnar B. Kvaran
Visitação: De 4 dezembro 2019 a 15 março 2020
Instituto Tomie Ohtake
A exposição reúne 35 trabalhos, com pinturas que chegam a medir 3 por 10 metros e esculturas variadas do artista. O conjunto, apresentado como uma constelação de fragmentos do universo Murakami, evidencia uma produção consagrada, entre tantas qualidades, pela excelência no campo pictórico.
Grande apreciador dos mangás, animes e das artes tradicionais japonesas, Murakami tornou-se um fenômeno no cenário internacional pela forma singular que entende o universo da arte, uma noção que abraça não apenas a sua criação preocupada com a sociedade e história, mas também a coleção, ao ter se tornado um apurado colecionador de arte, e a comercialização, ao introduzir outros artistas em sua galeria em Tóquio. As obras da exposição mostram o resultado de um extenso processo de criação, do desenvolvimento conceitual até a pesquisa formal e implementação detalhista de suas obras, com incontáveis camadas de tinta, formas e texturas.
Sua obra é o casamento perfeito entre as técnicas e tradições milenares da arte e cultura japonesa com a efervescência da cultura pop. A riqueza dos detalhes e texturas apresentados em cada obra é o que deixa tão rico e inspirador o trabalho produzido por Takashi Murakami.
Todas estas 3 exposições valem a visita, algumas são uma injeção de ânimo e inspiração pro dia-a-dia e outras, um respiro necessário e um convite à reflexão.
Meus próximos alvos são as exposições da Chiharu Shiota, no CCBB e “Drama O’Rama”, de Ana Mazei no Sesc Pompeia + uma visita na Casa Tegra para dar uma espiada nas mostras programadas para o meio de janeiro.
Stay tunned, volto para contar o que achei de cada uma.
xx